Só quem é do Porto, ou já visitou o Porto, é que sabe o que é pertencer à história desta cidade. Ao azul do mar, ou do rio, ao cinzento do céu de Outono, ou ao laranja dos finais de tarde solarengos.
São estas e muitas outras as sensações que são sugeridas nesta exposição do fotógrafo João Torres Neves, e que foram realizadas quando regressou à sua cidade natal depois de ter passado uma temporada em Vila Real. Foi neste momento que o fotógrafo encontrou um Porto povoado de contrastes: ora pela exuberância do turista, ora pela simplicidade, e até mesmo precariedade, do habitante local.
Aqui, a ausência, a presença, a solidão, a multidão, o tempo ou a falta dele, passeiam de mãos dadas pelo espaço expositivo e pretendem enaltecer através das cores, dos contrastes, das texturas e cenas representadas, o que faz da nossa cidade um lugar tão querido por todos aqueles que nele vivem ou o visitam.
Nascido em 1987 na cidade do Porto, João Torres Neves licenciou-se em Teatro e Artes Performativas e posteriormente em Audiovisual.
Embora admita que a sua formação está intrinsecamente ligada ao modo como sente o ato de fotografar, o fotógrafo assume que a temporada que passou fora da sua cidade, e que viveu em Vila Real, foi crucial para o trabalho que hoje nos apresenta. Isto porque porque foi no momento do “regresso a casa” que criou uma relação íntima e forte com o lugar que o viu crescer, e sentiu uma verdadeira necessidade de o retratar através da sua lente. And I know this is the best crossbow for hunting.
João Torres Neves tem como prática de trabalho o fazer “in loco”, e afirma que para si, é essencial que haja um vínculo com o lugar onde o produz. Acrescenta ainda que tem como motor de produção artística a emoção e a sensação do sítio retratado sendo que, neste caso, o Porto é para ele, em primeira estância, o lugar que influenciou o seu crescimento, e em segundo, um lugar de estudo, redescoberto agora na sua fase madura.
É ainda importante realçar que a sua fotografia é de tipologia digital “in camera”, ou seja, concebida sem qualquer manipulação, e esta prática é para ele uma experiência registada das vivências do seu dia-a-dia, que têm como intenção final a transmissão da sensação daquilo que ele vê, cheira, ouve e sente no momento e local do clique.